quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Pois esta noite eu acordei novamente neste quarto desabitado e desconhecido, mas hoje tu não estavas lá ao meu lado. Todas as palavras que dizes são agora como as daqueles que achávamos mais novos que nós, já não vejo diferença entre os piscares de olhos e estou cada vez mais confusa. Não era este o mundo que eu sonhava contigo, não era este o nosso destino, assim tão separadas mas tão juntas. Sei que se abrir a porta deste quarto te vou ver noutro mesmo aqui ao lado, quando olho para ti aí dentro lembro-me de tudo o que vivemos juntas dentro dessas 4 paredes, e agora já não sou eu e tu, agora és tu e rostos que eu nunca apreciei. Quando me falas sinto como facadas dentro de mim, não sei se de desilusão de não teres aguentado aqui ao meu lado, se de tristeza por não ter conseguido ficar aí contigo, mas eu continuo aqui a ouvir com o meu coração todas as gotas que choras com os teus doces e jovens lábios beijados, continuo aqui e sei que tu continuas aí, mesmo ao meu lado para qualquer coisa que seja necessária.
Acordo dias e dias seguidos aqui nesta cama que passou a ser bastante acolhedora e confortável as paredes que eram de um intimidador branco estão a ficar cobertas de vida e cor. As prateleiras de madeira podre e bolorenta? Dessas eu já tratei e são agora macias e perfumadas, estão repletas de livros que contam historias aqui vividas. Começo a gostar de aqui estar. Os meus sonhos à noite são outros, ao principio estranhava e não gostava mas começo a interessar-me por esta realidade tão diferente.
Vou ficar aqui à tua espera, à espera que chegue alguém a esta habitação já habitada para que quem se instale não passe pelo mesmo sofrimento que eu passei, porque a minha vida tem se resumido a isto. A mim a fazer a cama para quem se vier deitar não dormir no sujo que eu tive de suportar durante os dias em que andava à procura dos melhores lençóis e das melhores almofadas.
Espero que quem venha durma bem, ao meu lado, na minha cama, mas que me deixe espaço para continuar a viver feliz e não ter de mudar de quarto novamente.
silent tears, 12:46.
sábado, 10 de novembro de 2012
Passei este mês a suplicar para te ter ao meu lado todos os dias, por ter alguém que me ouvisse de verdade, que me compreendesse como ninguém porque na verdade tu és a unica que sabe tudo, a unica que me aceita na totalidade. Passei um mês a lutar, a lutar porque sabia que ia conseguir vencer tudo aquilo que me ia atacar até tu chegares, passei dias a planear, contigo, a nossa vida, mas agora que vejo um oceano inteiro a separar-nos sinto como se tivesse perdido a batalha mas ficado com milhares de feridas que sangram mais a cada segundo que passa. Mas eu ia continuar a conquistar cada vez mais terras para ti, para mim mas essencialmente para nós, eu ia continuar a lutar por coisas que te iam deixar a sorrir porque eu faria qualquer coisa por ti e que me fizesse lembrar que tu vais voltar e eu vou estar ao teu lado a viver a nossa vida. Eu ia, mas não há nada neste mundo que me dê força, não há ninguém que me incentive nem que me apoie como só tu sabes fazer e ainda por cima há quem me roube as poucas armas que eu tenho para lutar e há quem me continue a esfaquear mesmo sem saber. Mas eu, cá no fundo, sinto uma força que grita o meu nome e chora para que eu lute por ti. Como só tu sabes eu tenho sempre mais alguma força nem que tenha de criar cicatrizes horriveis que muitos vão condenar e chamar nomes, que muitos vão desvalorizar e obrigar-me a fazer força nelas. Mas apesar disso tudo eu sei que eu vou conseguir porque eu tenho de conseguir. Só por ti, tudo por ti minha princesinha, minha pipoca, minha boneca de peluche. Tudo porque nunca ninguem amou tanto as minhas cicatrizes horrendas, cobertas de dor, de lágrimas e sangue, porque nunca ninguem me aceitou mesmo que por vezes eu fizesse sangrar a pele do meu coração para acalmar a dor la de dentro e dizendo que tudo vai passar e que eu não preciso do fazer porque está do meu lado, só ela me aceitou com todos os mas que possam haver em mim. E eu vou lutar e dar-lhe tudo o que alguém quis ter, vou fazer dela a pessoa mais rica do mundo porque só assim pode ser.
O meu mundo caiu ao chão e eu não sei como o levantar, ninguém sabe porque ninguém parece querer saber, mas eu vou aprender dê por onde der.
silent tears, 18:08.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Aquilo que eu disse, em tempos, fez sentido para alguns. Quando eu falava havia sempre uns quantos que além de escutarem me ofereciam a sua palavra. A maioria das vezes que dizia uma piada todos rasgavam sorrisos, mesmo aqueles que menos vontade disso tinham.
Agora? Agora aquilo que eu digo já ninguém entende ou tenta entender, agora quando falo, ninguém se incomoda em dizer apenas que ouviu porque a maioria das vezes nem me chegam a ouvir, agora as minhas piadas não passam de um ruído de fundo que sonha ser ouvido.
Eu sei, eu tenho a noção desta cruel verdade mas há sempre uns corações ingénuos que fazem a boa acção, que me atiram à cara, de todas as maneiras possíveis que ninguém me ouviu, que ninguém quis saber do que eu disse ou, melhor ainda, que toda a gente me ignorou.
Dói muito, cá dentro, bem fundo. Mas eu rio-me como sempre, eu digo que não me importa que eu apenas preciso de falar. Sim é verdade, preciso mesmo de falar, mas ninguém se importa comigo. Porque? Porque fiz questão de criar a mentira de que a minha vida era recheada apenas de sorrisos e mascarar tudo aquilo que digo com um facto de algo sem importância.
Agora, quando mais preciso, levo com as consequências Tive um tempo que a radio me fazia questão de manter "no ar" mas o meu tempo de antena acabou e só aqueles fãs muito apaixonados e os próximos antes da fama é que continuam a fazer caso. Só esses me ouvem, só esses respondem com palavras cúmplices sem medo de mostrar que estão lá, só esses continuam a achar piada às minhas lamurias porque são esses os verdadeiros, sempre foram e só lhes tenho de pedir desculpa por, só neste momento de desespero, lhes conseguir dar o devido valor.
É nestas alturas, quando a nossa vida cai num buraco escuro onde não há nenhum sorriso que possa iluminar o caminho, que aparecem aqueles que te lançam as mais impossíveis razões para te fazer sorrir ajudando-te, dessa maneira, a sair do buraco onde todos os que julgaste teus amigos, te deixaram cair.
silent tears, 15:25.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Foi o primeiro dia que vivi contigo a maior dor, o pior pesadelo e a mais horrível verdade que alguma vez encontrei diante mim. Não só diante mim mas também sob mim. Como se uma década de anos se tivesse instalado sem qualquer pedido, colocou-se da maneira mais desconfortável e mais repentina que conseguiu arranjar. Toda aquela mascara que eu tinha construído durante anos e anos para me proteger, todas aquelas forças que tinha guardado dentro de mim que iam ajudando olhares carentes, tudo aquilo que me dava segurança e me mostrava aquilo que eu era, desapareceu quando esse peso caiu sobre mim.
Sinto-me frágil, a única coisa que consigo mostrar é a minha fraqueza, as minhas lágrimas e a minha dor. São tudo feridas, agora desprotegidas, onde qualquer um pode cravar o dedo e causar a pior dor de sempre.
Já não sei como esconder, como curar ou como viver com isto.
Eu só quero que este dia desapareça tão rápido como apareceu. Quero que ele vá e leve tudo o que me deixou.
silent tears, 11:35.
